
Sobre o Autor
Conheci Jairo no começo dos anos 80. Ele era um universitário alegre e bem-humorado, sempre pronto para contar uma piada e fazer novos amigos. Quando alguém perguntava se ele era japonês, ele respondia que era filho de japonês legítimo. Com o tempo, os amigos começaram a chamá-lo de “japona”, “japrega”, “japongay” e até “misturado”, o que às vezes o deixava bravo. No entanto, ele sempre contava essas histórias com um sorriso no rosto.
Jairo falava muito sobre seus pais, irmãos e parentes de Santa Isabel, onde nasceu. Tive a oportunidade de conhecê-los e fiquei impressionado com a quantidade de japoneses que moravam lá. Desde aquela época, eu já via um brilho nos olhos dele e sabia que ele tinha sonhos que iam além de Santa Isabel. Ele sempre quis conhecer suas origens.
Jairo manteve esse desejo por muitos anos. Quando a terceira e a quarta geração da família nasceram, ele sentiu que precisava escrever sobre a origem da sua família para deixar um legado para os descendentes. Ele sempre dizia que era importante saber de onde vieram.
Com uma enorme vontade de escrever o livro, Jairo começou a pesquisar sobre a imigração japonesa para o Brasil. Conversou com parentes que atravessaram o oceano e fizeram a grande viagem, coletando memórias inesquecíveis guardadas no coração dos tios e de sua mãe, Nazaré Iketani, uma brasileira que conhecia bem a cultura oriental. Cada lembrança dos familiares virou uma cor no arco-íris, enriquecendo sua memória ao escrever “IKETANI – A saga através dos oceanos”.
Os Iketani cresceram e, hoje, são mais de 157 descendentes trabalhando em várias áreas, como matemática, medicina, engenharia, geologia, administração, ciências sociais e educação, entre outras. Mesmo vivendo em uma nova cultura, nunca esqueceram suas origens. Com o sonho realizado, Jairo celebra com todos os seus irmãos, tios, primos, filhos, sobrinhos e amigos. Este livro é apenas o começo, e ele tem certeza de que novas contribuições irão complementar essa primeira parte.
Como não poderia deixar de ser, Jairo colocou seu toque de humor no livro – sua marca registrada.
Maria Cristina Rodrigues de Sousa
Nota pessoal
Para escrever este livro, consultei várias fontes: livros, apostilas, revistas, sites na internet, vídeos no Youtube, e até mesmo um filme de longa metragem, além de alguns materiais inéditos (cartas, passaportes, atestados de óbitos, homenagens, etc.). Tudo serviu, se não exatamente como fonte de informação objetiva, ao menos como fonte de inspiração objetiva. Um tanto desse material tem ligação direta com a biografia e outro tanto serve para que se entenda melhor o tempo e o mundo em que os nossos ancestrais viveram. Alguns títulos podem, aparentemente, ter nada a ver com a imigração dos Iketani, mas tem sim, e cito como exemplo a data da lei Aurea ou mesmo o Tratado da Amizade de 1895, mas na verdade tudo se entrelaça, pois o início de tudo começa com a Lei Aurea e termina com a cultura muito diferente do Brasil, que até hoje no Japão é tão inverso aos nossos costumes. Creio que, nesse sentido, nada ficou de fora. Infelizmente perdemos as fontes mais seguras, que foram meus tios e meu pai, que já vieram adultos para o Brasil. Antes de suas mortes não havia de minha parte muito interesse na nossa história, que só veio à tona recentemente, mais precisamente há oito anos no aniversário de 90 anos de minha tia Hitomi (Laura) Iketani Ichihara.
Como meu maior incentivador era meu primo Antônio Carlos Queiroz Iketani, que tínhamos a mesma idade, que sempre ficava me atiçando para quando seria o livro, a minha meta era concluir o livro o mais rápido possível. Porém, no início da pandemia do COVID-19, ele contraiu a doença e veio a falecer em São Paulo, em 30/08/2020, chegou a ir de avião de Belém para São Paulo. Mas não resistiu à pandemia. Confesso que com sua morte me desestimulei e engavetei o miolo do livro por anos. Mas agora resolvi novamente colocar a mão na massa e publicá-lo.